Publicitária com histórico no PT comandou projetos de Cannabis ligados ao Careca do INSS

01/12/2025 A publicitária Danielle Miranda Fonteles, que integrou a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010, assumiu a liderança de projetos de Cannabis ligados ao lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, em Portugal. A atuação dela consta em documentos e trocas de mensagens analisadas pelo portal Metrópoles.

Foto: Wilton Júnior

Registros do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) mostram que Danielle recebeu R$ 5 milhões de Antunes entre novembro de 2023 e março de 2025 — informação divulgada pela revista Veja. Em nota publicada em outubro, ela afirmou que a quantia se referia à venda de um imóvel em Trancoso (BA). Segundo a publicitária, embora o negócio não tenha sido concluído, o valor foi declarado ao fisco e teve os tributos pagos.

Em ação de danos morais acessada pelo Metrópoles, a defesa de Danielle sustenta que ela mantém relação profissional antiga com o lobista por representar uma empresa dele em Portugal, e argumenta que esse vínculo não estaria relacionado à suposta negociação imobiliária.

Expansão no setor de Cannabis e presença no Ministério da Saúde

Enquanto Danielle conduzia avaliações de projetos no exterior, o Careca do INSS ampliava sua presença no mercado de Cannabis. Em 2023, criou a World Cannabis — com sede em Brasília e operações em São Paulo, Bogotá, Miami e Lisboa. No início de 2025, abriu também a Candango Consulting, no Porto. Antunes detém 80% das cotas, e seu filho Romeu Antunes administra os 20% restantes.

Mensagens de 17 de outubro de 2024 indicam que Danielle liderava a análise de um projeto da Sync Nature, em Aveiro, estimado em € 3 milhões. O grupo de discussões incluía familiares do lobista.

Paralelamente, registros obtidos pelo Metrópoles mostram que Antunes realizou cinco visitas ao Ministério da Saúde. Em 2024, esteve no local três vezes apresentando-se como diretor de uma empresa de telemedicina e, em uma delas, acompanhado da empresária Roberta Luchsinger. No ano seguinte, voltou ao ministério como presidente da World Cannabis.

Segumdo reportagem da Revista Peste, os encontros foram direcionados à secretaria-executiva então chefiada por Swedenberger Barbosa. Apenas uma dessas visitas foi registrada oficialmente. Barbosa afirma lembrar-se de apenas uma reunião, voltada ao mercado de Cannabis medicinal.