"Fim a privilégio vergonhoso", diz Lula sobre nova isenção do Imposto de Renda
- Ananda Moura

- 1 de dez.
- 3 min de leitura
01/12/2025 Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão neste domingo (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil mensais. Segundo ele, a mudança representa um passo importante para diminuir a desigualdade no país e põe fim ao que classificou como um “privilégio vergonhoso” da elite econômica. A legislação foi sancionada no dia 26 e passa a valer em janeiro de 2026.

Lula classificou a alteração como a mais profunda em mais de cem anos de existência do IR no Brasil. Em seu discurso, afirmou que o país corrige, finalmente, uma distorção histórica. “Depois de mais de um século, privilégios concentrados nas mãos de uma pequena elite financeira dão lugar a conquistas para a maioria da população”, declarou. O presidente reiterou que a reforma busca atacar a “injustiça tributária”, que, na avaliação dele, é o principal motor da desigualdade social.
Lula afirmou que trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil deixarão de pagar imposto já no início de 2026. Para ilustrar, citou o caso de quem recebe R$ 4.800 por mês: esse contribuinte poderá poupar cerca de R$ 4 mil ao final do ano — valor comparado por ele a “quase um 14º salário”.
Também haverá redução tributária para rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7.350. De acordo com estimativas da Receita Federal, o novo modelo deve movimentar R$ 28 bilhões na economia em 2026. Lula disse acreditar que o aumento de renda disponível resultará em maior consumo, reforçando a atividade econômica e beneficiando comércio, indústria e serviços.
O presidente declarou que a renúncia fiscal será compensada sem cortes em áreas como saúde e educação. O recurso virá de uma nova forma de tributação dos mais ricos — cerca de 140 mil brasileiros com renda acima de R$ 600 mil anuais — que passarão a pagar uma alíquota mínima de 10%.
Lula ressaltou que esse grupo representa apenas 0,1% da população e ganha até 100 vezes mais que a grande maioria dos brasileiros. Para ele, há um desequilíbrio injustificável entre quem vive de trabalho e quem vive de renda: “Enquanto trabalhadores chegam a pagar 27,5%, quem recebe lucros ou dividendos paga cerca de 2,5%. Quem mora em mansão, viaja de jatinho e coleciona carros de luxo paga dez vezes menos que uma professora ou uma enfermeira. Isso não faz sentido.”
Pronunciamento com foco social e eleitoral
Segundo matéria da Jovem Pan, Lula afirmou ainda que, segundo dados do Ipea, o Brasil registra atualmente o menor nível de desigualdade da série histórica, embora a concentração de riqueza permaneça alta. “O 1% mais rico detém 63% de toda a riqueza do país; já metade da população fica com apenas 2%”, destacou.
Ele mencionou ações sociais de seu governo — entre elas Bolsa Família, Pé-de-Meia, Luz do Povo e Gás do Povo — dizendo que todas integram um plano contínuo de redução das desigualdades e de fortalecimento da renda. A ampliação da isenção do IR foi uma promessa da campanha eleitoral de 2022 e deve se tornar um dos principais eixos da busca pela reeleição em 2026. A proposta foi aprovada por unanimidade no Congresso, embora a solenidade de sanção tenha ocorrido sem a presença dos presidentes da Câmara e do Senado, num contexto de tensão entre Planalto e Legislativo.
“É só o começo”, afirma presidente
Lula encerrou o discurso afirmando que a mudança no Imposto de Renda representa “uma virada histórica” e que novas alterações deverão ser apresentadas. “Vamos seguir combatendo privilégios de poucos para ampliar direitos para muitos. Nosso compromisso é com o povo brasileiro e com a construção de um país mais forte, justo e próspero.”









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