Depoimento da filha de Clezão reforça apelo por anistia e emociona audiência
- AnandaMoura
- 12 de set.
- 2 min de leitura
Luiza descreveu as condições degradantes dentro do presídio

A audiência pública realizada nesta quinta-feira (11), na Câmara Legislativa, que discutiu a anistia aos presos políticos de 8 de janeiro, foi marcada por relatos emocionados. A jovem Luiza Cunha, filha de Clezão, trouxe à tona a dor e a resistência de mais de duas mil famílias que, segundo ela, enfrentam perseguição e violações de direitos humanos há quase três anos.
“Essa semana é muito intensa. Só Deus mesmo para nos dar força. Já são quase três anos em que mais de duas mil famílias sofrem injustiça e perseguição direta”, disse.

Durante sua fala, Luiza citou histórias de familiares que simbolizam o peso da prisão sobre inocentes. Ela mencionou João, uma criança que poderia estar em casa vivendo sua infância, mas comparece a audiências pedindo justiça pelo pai.
Ao relembrar a trajetória do próprio pai, Luiza descreveu as condições degradantes dentro do presídio. Afirmou que a família ainda carrega marcas do luto e da ausência definitiva.
“No último mês de vida dele, encontraram um rato dentro de uma marmita. Eu ainda faço acompanhamento psicológico, mas continuo na primeira fase do luto. O 8 de janeiro foi um ponto final para a minha família, porque meu pai não volta mais”, desabafou.

Ela também chamou atenção para o sofrimento das crianças que vivem esse drama. Contou que meninas pequenas são obrigadas a passar por inspeções ao visitar os pais presos e classificou isso como um trauma irreparável.
“Imaginem a Jasmim, de quatro anos, tendo de passar por inspeção para visitar o pai no presídio. É uma infância sequestrada”, disse.
A jovem revelou ainda que precisou abrir mão do sonho de cursar Medicina para cuidar da mãe em Brasília. Relatou que os projetos de vida da família foram interrompidos com a prisão do pai e que até as lembranças mais simples foram arrancadas.
“A esquerda tirou o sonho do meu pai de formar duas filhas médicas, de levar as filhas ao altar, de brincar com os netos na roça. Destruíram não apenas as pessoas presas no dia 8, mas também suas famílias e amigos”, afirmou.

O Deputado Thiago Manzoni agradeceu a coragem da jovem e reforçou críticas à forma como os presos do 8 de janeiro vêm sendo tratados. Ele comparou a rigidez imposta a cidadãos comuns à leniência com criminosos de alta periculosidade.
“Lucas não é traficante, não é líder de facção, nunca matou ou roubou. Mesmo assim, foi tratado como criminoso perigoso. Enquanto isso, figuras como André do Rap foram soltas e ninguém sabe o paradeiro”, disse.
Por fim, Manzoni deixou uma mensagem de esperança a Luiza e às famílias presentes. Afirmou que a luta pela justiça ainda não terminou e que o futuro reserva novas conquistas.
“O 8 de janeiro não foi um ponto final na história da família de vocês, foi um ponto e vírgula. Em breve vocês estarão todos reunidos de novo. Não desista da Medicina, Luiza. Esse sonho não morreu junto com seu pai. O futuro será de muitas conquistas e alegrias”, afirmou.









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