CLDF celebra 130 anos de amizade Brasil–Japão em noite de Casa cheia
- Ananda Moura
- há 3 dias
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Na noite de segunda-feira, 3 de novembro, o plenário da Câmara Legislativa do DF ficou lotado para a Sessão Solene pelos 130 anos do Tratado de Amizade Brasil–Japão. A homenagem, proposta pelo Deputado Thiago Manzoni, teve clima de festa, tambor taiko ecoando pela Casa com o grupo Kishouraku Daiko e uma plateia tomada por descendentes e admiradores da cultura japonesa.
Manzoni abriu a cerimônia lembrando o Tratado de 5 de novembro de 1895 e fez um agradecimento direto à comunidade: “Há 130 anos nós somos nações irmãs, nações amigas e isso é digno de celebração”. Em um trecho marcante, contou que aprendeu sobre a cultura japonesa em reuniões com Seiti Iwano, sempre acompanhadas do simbolismo do tsuru (origami em forma de grou, ave símbolo japonesa que representa paz, esperança, saúde e longevidade). E compartilhou uma lição que ouviu na Embaixada do Japão:
“No Japão, os vizinhos ajudam os vizinhos”, desejando que esse senso de pertencimento também floresça por aqui.
Ao longo das falas, um fio condutor ficou claro: trabalho, disciplina, união e legado às próximas gerações. Seiti Iwano destacou que a imagem de honestidade e perseverança reconhecida nos nikkeis no Brasil foi construída “pelos que vieram antes de nós” e que esses valores continuam sendo transmitidos aos filhos. Lesley Ishii, presidente da Rede Nikkei Brasil, deu voz às mulheres nikkeis e lembrou a participação decisiva da comunidade na história de Brasília, desde o pedido de Juscelino Kubitschek para transformar o cerrado em terra fértil. Marco Túlio Toguchi (ANBG) reforçou que a superação das barreiras de idioma, religião e clima se deu pela união dos imigrantes. Nivaldo Taira (Bunkyo DF) contou a trajetória da entidade fundada em 1957 e a missão de preservar costumes e transmitir a cultura. O secretário executivo da Secretaria de Relações Internacionais do DF, Paulo Cesar Pagi celebrou e elogiou as ações da Embaixada do Japão, os festivais culturais e a conquista de escola bilíngue português–japonês na capital.
Houve também convergência ao reconhecer avanços recentes no DF. Vários oradores citaram a lei de Manzoni que reconhece logradouros de “vocação temática”, incluindo a Rua Japonesa da CLS 414/415, hoje um polo de estabelecimentos nipônicos e símbolo vivo dessa amizade.
Entre as autoridades estrangeiras, o embaixador do Japão, Teiji Hayashi, recebeu Moção de Louvor e emocionou a plateia: “Estou extremamente honrado e emocionado por receber hoje da Câmara Legislativa do Distrito Federal a homenagem da Moção de Louvor”. Em tom de despedida, ao encerrar sua missão no Brasil em dezembro, projetou o futuro da rua temática: “Vamos tornar essa rua japonesa como liberdade brasiliense num futuro próximo” e assegurou:
“Todos nós, membros da Embaixada, faremos nossos maiores esforços para que os laços entre os dois países se desenvolvam ainda mais”.
O Ministério das Relações Exteriores também marcou presença. Paulo Elias Martins de Moraes, diretor do Departamento de Japão, Península Coreana e Pacífico, definiu a parceria como histórica e densa, com “notável potencial de expansão” por meio de diálogo político frequente. A pluralidade da comunidade nikkei apareceu ainda no depoimento do embaixador Robert Takata (República Dominicana), que relatou sua vivência no Japão e o orgulho de honrar suas raízes japonesas.
Antes do encerramento, Manzoni agradeceu novamente à comunidade:
“Obrigado por tudo que vocês fizeram e fazem por Brasília… essa é a gratidão do povo brasileiro em relação ao povo japonês”.
No final do evento, foram entregues as Moções de Louvor e a sessão terminou sob aplausos, com clima de reencontro e promessa de novos capítulos para a amizade centenária.
A mesa de honra estendida reuniu representantes de diversas entidades da comunidade nipo-brasileira, simbolizando a amplitude da cooperação entre Brasil e Japão. Participaram José Luiz Yamagata, representando o presidente da Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (ARCAG), e Takao Akaoka, além de Marco Túlio Toguchi, diretor da Associação Nipo-Brasileira de Goiás (ANBG); Nivaldo Taira, vice-presidente da Sociedade Cultural Nipo-Brasileira de Brasília (Bunkyo DF); Roberto Kazuyoshi Nakashima, presidente da Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste (Feanbra); Márcio Yukihiro Mikami, presidente do Clube Cultural e Recreativo Nipo-Brasileiro de Brasília (Nipo DF); e Luiz Hiyoji Uema, presidente da Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Vargem Bonita (ACENBVB).
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