Brasil pode enfrentar mais dez anos de metas vagas na educação
- Ananda Moura

- 19 de nov.
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19/11/2025 O novo Plano Nacional de Educação (PNE), que definirá as metas para o período de 2025 a 2035, está próximo de ser votado no Congresso e tem gerado preocupação entre especialistas. O parecer apresentado no mês passado na Câmara dos Deputados sugere que o país poderá passar mais uma década com objetivos pouco específicos e baixo avanço em português e matemática — áreas em que o Brasil já figura entre os piores do mundo.

Apesar de mencionar melhorias em disciplinas básicas, o texto prioriza diretrizes de caráter identitário e ambiental, sem detalhar caminhos concretos para elevar o desempenho escolar. Para o sociólogo Gabriel Mendes, especialista em políticas educacionais e secretário de Educação de Lagoa Santa (MG), o documento se assemelha mais a uma lista de intenções de grupos partidários e sindicais do que a um plano consistente para elevar a qualidade do ensino.
A proposta mais objetiva está na ampliação das avaliações obrigatórias para todos os alunos a partir do 1º ano do ensino fundamental, medida que poderia fortalecer o diagnóstico pedagógico. No entanto, mesmo metas promissoras acabam misturadas com orientações ideológicas. A meta de alfabetização, por exemplo, insere diretrizes sobre “contextos socioambientais e culturais diversificados”, incluindo grupos como quilombolas, indígenas, migrantes e comunidades ribeirinhas.
Para Sineide Gonçalves, pós-doutora em Estudos Linguísticos, as metas relacionadas à área de língua portuguesa priorizam discussões identitárias em vez de fundamentos técnicos. Segundo ela, o plano deveria estabelecer objetivos claros e menos ideologizados para garantir avanços reais no aprendizado da língua, mas acaba diluindo a centralidade da própria alfabetização.
O relatório do deputado Moses Rodrigues (União-CE) segue em análise na Comissão Especial da Câmara, onde ainda pode receber ajustes e emendas. A votação, prevista inicialmente para terça-feira (11), foi adiada após pedido de vista coletivo. De acordo com a Gazeta do Povo, há receio de que o texto avance sem alterações substanciais, comprometendo a qualidade educacional pelos próximos dez anos.









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