Inadimplência familiar atinge novo recorde em 2025 e mostra tendência de piora financeira
- Carla Lepesteur
- 8 de out.
- 2 min de leitura
Levantamento da CNC sinaliza que 30,5 % das famílias estavam com dívidas em atraso em setembro — patamar mais alto da série histórica —, refletindo um quadro de fragilidade econômica crescente.

Foto: Freepik
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da CNC, em setembro de 2025, 30,5 % das famílias brasileiras relataram ter dívidas vencidas — o maior percentual desde o início da série histórica, em 2010.
Para dimensionar o agravamento:
Entre as famílias que já possuem dívidas, 48,7 % estão em atraso há mais de 90 dias.
No crédito rotativo do cartão, a inadimplência ultrapassou 60 %, indicando que muitos consumidores não conseguem sequer quitar faturas mínimas em prazo.
O percentual de famílias que disseram que não terão condições sequer de pagar as dívidas atrasadas atingiu 13 % — também recorde.
Em setembro de 2025, 79,2 % das famílias estavam endividadas (com dívidas a vencer), demonstrando o grau de comprometimento no orçamento.
Cerca de 18,8 % das famílias tinham mais da metade da renda comprometida com dívidas.
Estes números revelam não só o fenômeno crescente da inadimplência, mas também o peso crescente das dívidas no orçamento das famílias.
Para entender o movimento ao longo dos anos, vale observar os dados históricos:
Ano | % Famílias com dívidas vencidas* |
2022 | ~ 28,9 % (recorde até então) |
2023 | acima de 28 % (ligeiro aumento) |
2025 (set) | 30,5 % (novo recorde) |
* Dados obtidos da PEIC/CNC.
Esses dados mostram que a inadimplência vinha subindo gradualmente e atinge agora níveis inéditos. A combinação de juros elevados, inflação persistente e aumento dos custos de vida parece estar pressionando fortemente o orçamento familiar.
Além disso, no relatório de julho de 2025, observa-se que a inadimplência já estava próxima desse patamar: registrou-se 30,0 %, acima de qualquer resultado semelhante desde setembro de 2023.
Outro ponto importante: dentre as famílias que possuem dívidas, a proporção de atrasos superiores a 90 dias permaneceu alta (em torno de 47-48 %), o que demonstra que a deterioração dos prazos de pagamento vem se tornando uma tendência.
Os especialistas destacam alguns vetores que contribuem para essa escalada:
Juros elevados: encarecimento das linhas de crédito e dos encargos sobre atrasos
Inflação persistente: diminuição do poder de compra, forçando famílias a recorrerem ao crédito
Renda instável: parte da população com empregos informais ou salário variável, o que gera “meses de aperto”
Renegociação limitada: quanto mais longa é a inadimplência, mais difícil torna-se negociar
Crescimento do endividamento prévio: famílias já tensionadas recorrem a novas dívidas para saldar outras — o “efeito bola de neve”
Para o cidadão, é essencial acompanhar de perto sua própria situação financeira, priorizar as dívidas mais onerosas e buscar renegociações. Para o setor público e privado, trata-se de um sinal claro da urgência de políticas de crédito mais responsáveis, educação financeira e mecanismos de apoio à renegociação.
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