Hoje, 11/9 é comemorando o dia do cerrado. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, com 2 milhões de hectares, correspondendo a 24% do território brasileiro e presente em 11 estados. É a savana mais biodiversa do mundo. Esse bioma também é considerado o berço das águas. É aqui do DF, especificamente na Estação Ecológica de Águas Emendadas, que nascem três das cinco principais regiões hidrográficas do BRASIL: Tocantins/Araguaia, em direção ao norte, São Francisco, em direção ao nordeste, e Prata em direção ao sudeste.
Além da sua importância ambiental, o Cerrado possui grande relevância socioeconômica. somos aproximadamente 25 milhões de habitantes, responsáveis por 60% da produção agrícola do Brasil e 22% da produção global de soja e 23% da produção global de açúcar.
Apesar da sua importância, o Cerrado é um bioma ameaçado: estima-se que 52% de sua cobertura vegetal original já tenha sido substituída. Ano passado foi o bioma mais desmatado, representando 61% da área desmatada. As queimadas que ocorreram em São Paulo no mês de agosto desse ano, que cobriram a nossa capital de fumaça foram majoritariamente produzidas no bioma Cerrado.
Aqui no DF estamos vivendo uma situação semelhante. A lei Distrital nº 3.031/2002, em seu art. 4º, I, d) define como meta a manutenção da cobertura na nativa do DF em 50% do seu território. Entretanto, segundo dados do MAPBIOMAS, já estamos na casa dos 40%. Pra piorar, esse ano estamos passando pela pior seca dos últimos 14 anos e o número de ocorrências de incêndios florestais aumentou 24% neste ano em relação ao ano passado.
Conservar o cerrado significa garantir a segurança alimentar do Brasil e do mundo. Caso não seja promovido o uso sustentável do Cerrado, espera-se que as vazões dos nossos rios sejam reduzidas em até um terço em 2050. Situação que já está ocorrendo hoje nas bacias amazônicas. Conciliar a produção agrícola no Cerrado com proteção da vegetação nativa e a biodiversidade é viável e necessário.
Encontrar um equilíbrio entre produção e proteção é possível. Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, é possível gerar até 72 bilhões de dólares em negócios sustentáveis no bioma Cerrado. E, logicamente, parte disso poder ser gerado aqui no nosso quadradinho. A Recuperação de Áreas Degradadas, a produção de energia e de fertilizantes a partir de resíduos orgânicos, a criação de um mercado de carbono local, a implementação efetiva dos instrumentos do Código Florestal de 2012, tais como a análise, homologação e monitoramento do Cadastro Ambiental Rural (CAR), as Cotas de Reserva Ambientais (CRA) e os Programas de Recuperação Ambiental (PRA) são passos que devemos tomar em direção ao desenvolvimento sustentável. Passados 12 anos de sua aprovação, menos de 10% do CAR do DF foi analisado e um percentual muito menor foi homologado. A total implantação desses instrumentos zerará o desmatamento ilegal no DF, promoverá a recuperação de Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal, criará um ambiente propício para um mercado de carbono no Cerrado, facilitará o acesso do produtor rural ao crédito, trará segurança jurídica ao agronegócio, gerará empregos verdes e pode transformar o DF em um modelo de desenvolvimento sustentável nesse bioma.
Estamos diante de uma ameaça e uma oportunidade de reposicionar o Cerrado e o DF no centro de uma transição para uma economia sustentável ambientalmente, atraindo investimentos para uma economia focada no equilíbrio entre produção e proteção. Mas precisamos começar já!
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