Debate sobre conservadorismo e liberdades individuais ganha destaque com a colaboração da acadêmica na Câmara Legislativa
O lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Conservadorismo e das Liberdades Individuais contou com a professora universitária doutora Marize Schons. Na última quarta-feira (30), a Câmara Legislativa recebeu conservadores de vários locais do país e contou com a colaboração dos estudos da professora Schons sobre o assunto.
Marize iniciou a sua fala compartilhando que veio de uma família de trabalhadores sem nenhuma formação acadêmica, ligada à vida prática do comércio.
"Falo isso com todo o orgulho do mundo. E quando eu vi meu irmão mais velho, que nem se interessava tanto pela política, dizer que era conservador, eu tive convicção de que algo tinha mudado".
A professora disse ainda que, nos últimos 15 anos, viu o mercado editorial de livros liberais e conservadores ser construído quase do zero.
"Não é verdade que nunca houve conservadores e liberais no Brasil. Mas é verdade que, na classe política e na classe intelectual, sempre foram uma minoria. Contudo, apesar do crescimento, eu vejo que estamos apenas no começo desse caminho, cheio de dificuldades e desafios que extrapolam a política cotidiana", explicou.
Schons parabenizou o deputado Thiago Manzoni pela iniciativa de construção de uma ponte que concilia a discussão intelectual da discussão política, preservando ainda suas particularidades.
"Quero parabenizar vocês pela organização de uma frente parlamentar dessa natureza, com uma menção não exclusiva, mas especial ao deputado Thiago Manzoni pela clareza e convicção de suas palavras", pontuou.
Um alerta que a acadêmica deixou foi no sentido dos desafios da atualidade, pois, segundo ela, vai muito além dos interesses particulares.
"Vocês precisam se unir. Evitar o recorrente narcisismo das pequenas diferenças, construir uma base eleitoral ampla, tão ampla que seja capaz de chegar até os jovens. Uma democracia efetiva e saudável depende da competição entre diferentes agendas. Não há, portanto, democracia sem pluralidade. Não há democracia a partir de uma hegemonia, e esse é o papel de vocês: garantir a pluralidade. Por isso é preciso de um senso geracional que seja capaz de uni-los".
Outra necessidade para Marize é de partidos dispostos a assumirem um programa liberal e conservador e que esses partidos se fortaleçam.
"Que esses partidos amadureçam não só externamente, atraindo mais eleitores, mas principalmente crescendo internamente através de um intenso esforço de formação tanto dos seus filiados quanto dos seus mandatários", analisou.
O terceiro ponto necessário é superar a suposta dicotomia entre ideias e ação.
"Vocês precisam de tanto conhecimento quanto habilidade para saber os momentos certos de ceder e negociar e os momentos certos de não abrir mão de valores inegociáveis", ponderou Schons.
Por fim, é preciso agir prioritariamente na formação política e intelectual. Esse é talvez o ponto mais importante.
"Liberais e conservadores não estão prontos. Todos nós precisamos, na verdade, nos colocar na posição de entusiasmados não porque os livros nos distanciem da realidade, mas para que os bons livros nos qualifiquem e nos fortaleçam", concluiu.
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