Comando Vermelho lucra com extorsões e domina áreas urbanas, aponta pesquisa
- Ananda Moura

- há 6 horas
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04/11/2025 O Comando Vermelho (CV) ampliou suas fontes de receita nas últimas décadas e deixou de depender exclusivamente do tráfico de drogas, passando a atuar em outras frentes ilícitas — como contrabando de cigarros, comércio de ouro e madeira, e principalmente na exploração financeira de moradores em áreas sob seu domínio.

Segundo o pesquisador Roberto Uchôa, ex-policial federal e integrante do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o modelo adotado pela facção baseia-se na cobrança de taxas por “segurança”, ligações clandestinas de energia e controle sobre o comércio local. Ele explica que o sistema se consolidou a partir dos anos 2000, período em que o CV passou a adotar práticas semelhantes às das milícias, garantindo arrecadação previsível e menor risco para os criminosos.
De acordo com o pesquisador, o poder do Comando Vermelho vem menos da droga e mais do domínio territorial. Em comunidades controladas, todas as atividades cotidianas dependem de autorização da facção — desde a compra de gás e serviços de internet até o transporte alternativo e campanhas políticas.
Uchôa avaliou ainda que operações policiais de grande escala, como a Operação Contenção, que resultou em 121 mortes, podem fortalecer o grupo ao preservar sua principal vantagem: o controle do território. No entanto, outros especialistas em segurança pública discordam e apontam que a ofensiva desarticulou parte da estrutura criminosa, eliminando diversos líderes e dificultando sua reorganização.
O estudo mostra que o CV atua de forma descentralizada, semelhante a uma rede de franquias criminosas, em que cada liderança local administra seus lucros, mas deve contribuir financeiramente com a facção. Em comunidades da zona oeste do Rio, como Gardênia Azul, o controle já se reflete em cobranças e monopólios sobre serviços.
As estimativas indicam que o tráfico de drogas responde por apenas 30% a 40% da renda total da organização, enquanto atividades paralelas, como o contrabando de cigarros, já movimentam valores bilionários.
De acordo com reportagem da Revista Oeste, o levantamento evidencia como o Comando Vermelho diversificou suas fontes de lucro e consolidou poder político e econômico em áreas dominadas, tornando-se uma das facções mais estruturadas do país.









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