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Guilherme Veroneze e Thiago Manzoni

Reflexões sobre as 6 lições de Mises: O capitalismo (lição 1)

Na mídia e nos meios culturais, muito se usa o termo capitalismo de forma pejorativa e equivocada, criando mitos imaginários perigosos. Referem-se aos empresários como muito poderosos, com expressões como “o rei do aço”, o “rei dos automóveis”, quando na realidade num ambiente capitalista de livre mercado o empresário não concentra poderes como reis, lordes e duques do passado. O empresário é apenas um súdito que serve aos verdadeiros reis: os consumidores. Se um empresário não agrada ao gosto e a preferência de seu público consumidor, esse irá procurar outras alternativas no mercado, abrindo sua carteira para o produto ou serviço da concorrência e o empresário incompetente inevitavelmente irá à falência. No capitalismo de livre mercado, onde há baixa interferência do Estado no direcionamento da atividade produtiva, é o atendimento dos anseios da clientela que determina, portanto, o futuro do empresário.



O recente advento do capitalismo, nos últimos 200 anos, com a proteção da propriedade privada, garantia de liberdade econômica e garantia de um sistema de regras justas e minimamente uniformes e estáveis em sua aplicação, permitiu uma expansão da atividade fabril de pequena para média e larga escala, mediante aplicação, acumulação e reinvestimento de capital. Mais do que isso, possibilitou um avanço de aumento de renda total, que se expandiu em todas as classes sociais, como nunca visto em milhares de anos da história da humanidade.



Em pouco tempo, cidadãos de classe média e baixa passaram a ter renda e acesso a bens que mesmo nobres e reis não tinham há 200 anos, como geladeiras, ventiladores e ar-condicionado, televisores, carros etc. Enquanto no período feudal a produção de bens era direcionada basicamente às classes altas, concentradoras de renda e poder, no capitalismo houve a massificação da produção possibilitando que os mais pobres também possam ter acesso aos bens e serviços e se tornem, na realidade, o centro gravitacional do sistema capitalista, pois este busca servir, estruturalmente, aos anseios da grande massa consumidora.


Quando se alega, portanto, que o capitalismo é degradante e empobrece as massas tem-se um mito, um sofisma, que é altamente contrário aos fatos. Muito se apregoa, falsamente, que as crianças e mulheres passaram a ter condições degradantes com o advento do capitalismo. Contudo, o que ocorreu ao longo do tempo foi justamente o contrário. Foi justamente pela migração do campo para as cidades que as crianças passaram a ter mais acesso à instrução formal em escolas (inexistentes nas zonas rurais), ter mais acesso a bens e serviços que não existiam no campo. É necessário pontuar que esse maciço fluxo migratório que se observou ocorreu por algo básico: o ser humano busca naturalmente a melhoria de sua condição de vida e, nas cidades, a vida era, ainda que com desafios de uma urbanização acelerada, claramente melhor do que no campo, com salários maiores nas indústrias e maior acesso a bens e serviços, seja de lazer ou de saúde.


Se considerarmos a história econômica, verificaremos que Marx estava absolutamente equivocado quanto à teoria de “lei de ferro dos salários” que pregava que, no capitalismo, os salários de um trabalhador jamais cresceriam e não excederiam o que fosse estritamente necessário para se manter apenas vivo a serviço da empresa, sem nenhum luxo ou melhoria de vida. O amplo acesso a bens como televisores, carros, cinema, livros, telefones celulares que se observou - e cada vez mais se observa nos dias atuais - desmente prontamente essa falácia.


O fato inconteste é que não há um só país que não tenha abraçado o capitalismo e o livre mercado e não tenha visto seu povo melhorar em qualidade de vida. EUA, Inglaterra, Alemanha, França e países nórdicos são exemplos de países de um primeiro pelotão histórico em que o florescimento do livre mercado elevou sua população a níveis de conforto notáveis. Mais recentemente, na segunda metade do século XX, países como Nova Zelândia, Austrália, Singapura, Irlanda do Norte e do Sul e Coréia do Sul (cuja riqueza per capita era semelhante à do Brasil) foram outros países que continuaram a demonstrar a verdade transformacional incontestável e irrefutável: abraçar o liberalismo e o capitalismo de livre mercado produz certa e inexoravelmente mudanças drásticas (para melhor) na renda e na qualidade de vida em curtos espaços de tempo, como duas ou três décadas. Basta nos despirmos de mitos e ideias equivocadas, darmos luz aos fatos e abraçarmos o caminho do capitalismo de livre mercado, valorizando esse mecanismo transformacional em benefício de todos.



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