Governo negocia empréstimo de R$ 20 bilhões para reerguer os Correios
- Ananda Moura

- 15 de out.
- 2 min de leitura
15/10/2025 O governo federal está articulando um empréstimo de até R$ 20 bilhões para socorrer os Correios, que enfrentam uma das piores crises financeiras de sua história. A operação envolve o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e bancos privados, com garantia do Tesouro Nacional.

O objetivo é assegurar recursos para manter as operações e implementar um plano de reestruturação da estatal, que inclui demissões voluntárias, ajustes no plano de saúde dos funcionários e renegociação de dívidas. Segundo a empresa, serão necessários R$ 10 bilhões em 2025 e outros R$ 10 bilhões em 2026 para reforçar o capital de giro e financiar o plano de recuperação.
O valor final do empréstimo ainda está em discussão, mas o governo não descarta um aporte direto do Tesouro, dependendo da situação fiscal do país.
Reunião e articulações com bancos
As negociações foram tratadas em uma reunião realizada no dia 9 de outubro, com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações), além de representantes do Tesouro Nacional, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), do Banco do Brasil e da Caixa.
Entre os bancos privados que participam das tratativas estão BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil, que já figuram como credores dos Correios. Ainda não foi definida a participação exata de cada instituição na nova operação de crédito.
Crise e nova direção da estatal
A situação dos Correios se agravou após a divulgação do balanço do segundo trimestre de 2025, que apontou prejuízo de mais de R$ 2,5 bilhões — quase cinco vezes o registrado no mesmo período de 2024. No acumulado do semestre, o déficit ultrapassou R$ 4,3 bilhões, frente a R$ 1,35 bilhão no ano anterior.
Diante do cenário, o governo nomeou Emmanoel Schmidt Rondon, servidor de carreira do Banco do Brasil, para comandar a estatal. A avaliação interna é que o novo presidente trouxe maior capacidade técnica e agilidade na condução do plano de reestruturação.
Dívidas e renegociação emergencial
Um dos primeiros desafios de Rondon foi renegociar um empréstimo de R$ 1,8 bilhão firmado com BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil. O contrato original previa início dos pagamentos em junho de 2026, mas cláusulas restritivas permitiam antecipação em caso de litígios — o que acabou ocorrendo.
A renegociação evitou o colapso financeiro imediato da estatal, embora tenha resultado em juros mais altos e prazo de pagamento encurtado. A retenção de recursos pelos bancos chegou a ameaçar o pagamento de salários.
Perspectivas e plano de reestruturação
Com o novo empréstimo, o governo e a diretoria dos Correios pretendem equilibrar as contas e reduzir os custos fixos, atualmente entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões por ano. A expectativa é que, a partir de 2027, a estatal comece a apresentar melhor desempenho financeiro e consiga explorar novas fontes de receita, modernizando sua atuação no setor logístico.









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