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Thiago Manzoni

A educação estatal e como ela seria em um livre mercado

Segundo Harry Browne, autor do livro “Por que o governo não funciona?”, de todos os passos que foram dados rumo ao caminho da servidão, o pior foi permitir que o estado educasse nossos filhos, seja diretamente por meio de escolas públicas, seja indiretamente por meio de escolas privadas reguladas integralmente pelo Estado (Ministério da Educação).


Dado que a educação que nossos filhos recebem é toda controlada por funcionários públicos, que operam dentro das normas estabelecidas por um sistema estatal, não é surpresa nenhuma que nossos filhos cresçam acreditando que o Estado é um árbitro justo, imparcial, amoroso e caridoso, ao contrário de empreendedores privados, que agem somente em interesse próprio; ou que programas governamentais realmente entregam aquilo que prometem e, sem eles, as pessoas estariam em situação muito pior; ou ainda, que sem a saúde e os programas de assistência social do governo, todos morreríamos doentes ainda muito jovens e as ruas estariam repletas de pessoas passando fome.


A educação brasileira é um completo desastre. Em todo ano de eleição, os políticos profissionais aparecem para nos contar como a educação está terrível — crianças que não conseguem ler em idade já avançada, violência nas salas de aula, professores incapacitados e mal pagos, infraestrutura precária e aos pedaços, drogas sendo vendidas dentro das escolas, salas de aula com excesso de alunos etc.

É claro que todos esses políticos têm na ponta da língua soluções que irão sanar estes problemas. Porém, mesmo depois de eleitos, eles sempre voltam nas eleições seguintes dizendo como a situação da educação continua terrível.


A primeira coisa que precisa ser entendida a respeito das escolas públicas é que elas não são instituições educacionais, são agências políticas. Logo, são controladas pelo grupo que tenha mais influência política.


Não é de se estranhar, portanto, que suas políticas de ensino e de funcionamento sejam ditadas pelos sindicatos dos professores e dos funcionários, bem como pelas fantasias utópicas das universidades nas quais esses professores se formaram. Não existe um sistema de recompensas ou de incentivos para inovações. Mesmo os professores mais bem intencionados não têm oportunidades para utilizar métodos originais, lógicos e sensatos para resolver problemas rotineiros. Não há nenhuma chance de se recompensar aqueles que demonstram um desempenho superior. É a burocracia quem comanda tudo, e a ela todos devem ser submissos.


Para piorar, as escolas públicas acabam ensinando muitas coisas que iriam deixar os pais apavorados — isto se soubessem exatamente o que se passa nas escolas. Orientação sexual e "kit-gay" são apenas a ponta do iceberg.


Parece haver tempo e recurso de sobra para ensinar as crianças a se conformarem com a ideologia e o pensamento politicamente correto da moda. Porém, se os pais reclamam que seus filhos não estão aprendendo ciências, português, história e matemática, os políticos respondem que está faltando dinheiro, os professores respondem que são mal pagos e vários "agentes sociais" dizem que a nova metodologia de ensino, com maior ênfase na 'consciência social do aluno', é bastante superior ao velho e reacionário método clássico de educação. E, no final, todos se unem para concluir que o grande problema realmente é o governo, que destina pouco dinheiro para a educação — logo, novos impostos são necessários.


O problema não são professores despreparados, nem a falta de recursos ou a ausência de participação dos pais. O verdadeiro problema é que as escolas são administradas pelo governo. Podemos ver isso claramente ao comparar a educação pública com a indústria de computadores — um dos ramos menos regulados em todo o mundo.


A educação está sob o comando de políticos e burocratas, gente que jamais irá enfrentar pessoalmente as consequências de suas próprias medidas, por mais que arruínem a educação de nossos filhos. E assim, os custos da educação vão ficando cada vez maiores, ano após ano, ao mesmo tempo em que a qualidade e a utilidade decrescem velozmente.


A produção de computadores, notebooks e afins está sob o comando de empreendedores, pessoas que visam ao lucro e que, por isso mesmo, têm de estar sempre encontrando novas maneiras de nos satisfazer, produzindo cada vez mais com cada vez menos — caso contrário, perderão o que investiram e irão à falência. E assim, computadores, notebooks e demais apetrechos tecnológicos vão ficando cada vez mais baratos, ano após ano (ou mês após mês), ao mesmo tempo em que sua qualidade e utilidade aumentam velozmente.


Suponhamos que o governo tenha estatizado a indústria de computadores tão logo ela surgiu (tudo para o "bem do povo", claro). Não é difícil imaginarmos como ela seria hoje:

- Um computador pessoal custaria alguns milhões de reais e seria maior que uma casa;

- O custo de um computador subiria continuamente, e cada modelo novo seria pior e mais caro que o do ano anterior;

- Haveria intensos debates sobre se os computadores fornecidos pelo governo deveriam poder acessar sites religiosos ou não (mas tenham certeza que o software que ensina crianças a manusearem uma camisinha já estaria instalado na máquina).


Agora vamos supor o contrário, que a educação fosse organizada de acordo com a indústria de computadores — formada por empresas privadas concorrendo em um mercado sem barreiras à entrada, livres de todos os tipos de regulamentações, que não estivessem sujeitas a matérias obrigatórias ou a comissões políticas. Em suma, por empresas que simplesmente tivessem de competir pela preferência dos pais. Nesse caso, o custo da educação cairia ano após ano, devido à concorrência, com as empresas encontrando maneiras de fornecer educação de qualidade a preços cada vez menores; as escolas seriam tão mais estimulantes que as crianças iriam querer passar várias horas por dia explorando o mundo da matemática, da história, da geografia, da literatura, da redação ou de qualquer outro tema que tenha despertado sua imaginação.


Não mais haveria as centenas de controvérsias que vemos na educação atual, completamente controlada pelos burocratas do Estado. Se você não gosta do que a escola do seu filho está ensinando, você simplesmente vai atrás de outra melhor — do mesmo jeito que vai atrás de um supermercado que tenha o que você quer.

Haveria dezenas de opções disponíveis para você — escolas mais severas, escolas com disciplinas especiais, como música e cinema, escolas alternativas e até mesmo escolas que ofereçam um ensino completo sobre o funcionamento do livre mercado e do empreendedorismo, o que iria ajudar seu filho a obter uma vida mais confortável quando crescesse, além de poupar seu cérebro de infecções marxistas. Algumas escolas poderiam perfeitamente criar um currículo personalizado baseando-se em suas expectativas e nas capacidades de seu filho, ao passo que outras ofereceriam uma educação mais simples a um custo menor para aqueles que precisam economizar.


Não há nada de específico na educação que nos faça duvidar de que o mercado poderia fornecê-la. Assim como qualquer produto ou serviço, a educação é uma combinação de terra, trabalho e capital direcionados a um objetivo claro: a instrução de assuntos acadêmicos e relacionados, os quais são demandados por uma classe de consumidores, majoritariamente pais e mães.


O argumento de que uma educação de alta qualidade seria intrinsecamente cara para uma fatia significativa da população não se sustenta. Um livre mercado que consegue saturar a sociedade com telefones celulares, geladeiras, fornos micro-ondas, televisões, computadores e máquinas de lavar certamente pode produzir educação de alta qualidade para as massas. O segredo é a liberdade de empreendimento.



Imagine um mundo em que a liberdade conduzisse a educação de seus filhos e você pudesse escolher uma escola para eles da mesma maneira que escolhe qual artefato eletrônico quer comprar. Isso é querer demais?


Baseado no texto do instituto Mises Brasil: https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1072 (acesso em 09/07/2022)


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